Precificação de serviços para arquitetos e designers



por Mirella Corrêa

 

Talvez você esteja neste momento, ou já passou por ele e vai se lembrar, com aquela sensação de sair da faculdade e ficar um pouco perdido, sem saber qual rumo tomar, como começar, o que fazer. Salvo quem se torna empregado logo após a formatura, e que de certa forma pode ficar mais tranquilo sobre estes questionamentos, a grande maioria se sente insegura neste início, com medo de errar, não saber como captar clientes e o ponto chave: COMO COBRAR?

 

Infelizmente, as faculdades (assim como as escolas), no âmbito geral, não possuem em sua grade curricular o ensino de práticas financeiras. Isto leva uma grande parte dos profissionais a não saber o básico, que dirá gerir uma empresa. Sim, uma empresa! Pode ser um pouco assustador, mas se a intenção é vender o seu serviço, você deixa de ser somente arquiteto ou designer, e passa a ser um empresário do ramo da construção civil! No momento que percebe essa nova posição, entende a gama de responsabilidades envolvidas, e umas delas é aprender a gerir o seu negócio!

 

Gestão, um assunto complicado, que não tem ligação direta com as práticas profissionais, mas que é extremamente importante para que elas funcionem! A primeira coisa que precisa ser desmistificada é que até pode ser complicado por não fazer parte dos nossos estudos rotineiros, porém é possível, desde que seja focada para o que nós fazemos! Desta forma, o segundo ponto que precisa ser entendido é que vendemos um serviço e não uma mercadoria, e isso fará toda a diferença no planejamento. Então, é essencial buscar por conteúdos que te tragam informações voltadas a este tema.

 

Como vendemos um serviço, chegar ao valor correto e justo pode ser um pouco difícil, principalmente no início da carreira. Alguns profissionais usam um valor X por metragem quadrada para chegar no preço para o cliente de acordo com o tamanho do local. A falha desta forma de cobrança está relacionada principalmente com a gestão, pois impossibilita a aferição dos reais quantitativos relacionados a gastos operacionais e lucro. A forma que vem sendo difundida entre vários profissionais é a metodologia por hora trabalhada, ou como costumo dizer por carga/quantidade de trabalho.

 

Pensar em horas trabalhadas traz o real controle da quantidade de serviço prestado, e desta forma é possível aferir se o valor cobrado por aquele serviço teve o resultado esperado: LUCRO! Afinal, se já ficou entendido que se trata de uma empresa, ela precisa gerar lucro!

 

De forma bem resumida, para chegar ao valor da hora é necessário relacionar os custos/despesas pessoais, a que chamaremos de pró-labore (salário), e os custos/despesas da sua estrutura profissional. Precisa também entender quantas horas por mês terá para trabalhar (conte apenas as horas produtivas). Após relacionar todos estes valores, some o pró-labore com as despesas do escritório, e em seguida divida esse total pelas suas horas produtivas do mês, assim terá o valor da sua hora!

 

Siga esse exemplo: pró-labore de R$ 3.000,00 e estrutura profissional R$ 4.000,00. Considere 7 horas produtivas por dia e 20 dias úteis por mês, o que resultará em 140 horas mensais. Ao somar os dois valores e dividir por esse total de horas, chegamos ao resultado de 50 reais a hora.

 

Definido o valor da hora (que poderá estar em constante mutação, provocada por alterações dos custos/despesas bem como pelo aprimoramento profissional que deverá ser levado em conta), é preciso analisar/definir quanto tempo será gasto para fazer determinado projeto. Com este número levantado e o valor da hora em mãos, basta multiplicar os dois e acrescentar um percentual de lucro. Através desta explicação bem resumida, é possível ter o valor final do projeto/serviço!

 

Após entender e definir o valor da sua hora, assim como o do serviço, precisa ficar claro que esta metodologia só funciona se a quantidade de horas trabalhadas em determinado projeto for anotada para gerar métricas, que deverão ser analisadas para a averiguação dos resultados. Estes indicadores permitem entender se está trabalhando muito, cobrando pouco, não obtendo lucro, dentre outros fatores.

 

Normalmente nos primeiros projetos existe uma maior dificuldade, que poderá gerar disparidade de valores e horas, o que é extremamente corriqueiro, mas conforme for se aperfeiçoando da técnica, todo o processo funciona e realmente é possível averiguar se a empresa e o empresário estão tendo o retorno financeiro esperado!

 

Essas explicações foram apenas um norte! Existe muito conteúdo que pode e deve ser explorado para que se torne um profissional de sucesso com o auxílio da gestão.

 

Basta saber: você está preparado para ser verdadeiramente um Arquiteto/Designer Empresário?


Sobre Mirella Corrêa:
Arquiteta e Urbanista, pós-graduada em Master em Arquitetura e Lighting, pós-graduanda em Design de Interiores e MBA de gestão de escritórios de arquitetura e design. Desde 2017 com escritório próprio atuando na área de entretenimento (casas de shows e eventos) e gastronomia (bares e restaurantes). Professora do módulo de Gestão de escritórios no IPOG.
Instagram: @mirellacorrea_ e @arquitetamirella




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