Neurobusiness e Arquitetura



por Miriam Runge

 

A arquitetura, enquanto determinante da arte, construção e desenho das cidades primitivas e modernas, bem como fator importante no cenário do desenrolar da vida humana, acontece desde a antiguidade e dos mais remotos e primitivos povoados.

 

Quando o homem começa a se organizar em grupos, cidades e também em sociedades, ele usa os recursos disponíveis tanto da natureza quanto da arquitetura, para delimitar e constituir seus espaços.

 

Assim também ocorre com o comércio e a troca: desde que o homem começa a se reconhecer como indivíduo integrante de um grupo, a sociedade cada vez mais organizada, inicia uma troca sem fim de produtos e serviços que culminam por formar, após vários séculos, a sociedade de consumo que conhecemos atualmente.

 

Toda e qualquer ação do passado, de estabelecimento da sociedade, ou de seus grupos, passou pelo comércio e pela arquitetura dos locais. O mercado era, no passado, e ainda é até os dias mais atuais, um local que se vai com o objetivo de encontrar os mais diversos produtos necessários para a vida diária. E assim nasce, desde muito tempo, uma relação do local (arquitetura) com o que nele acontece (comércio).

 

O cenário propício é um facilitador para estas trocas.E isso foi assim desde sempre.

 

Mas o que é então o NEUROBUSINESS e como ele se relaciona com a arquitetura?

 

O Neurobusiness pode ser entendido como sendo uma ramificação das neurociências comportamentais que estudam a interpretação cerebral aos estímulos externos, instintos e sentimentos, gerando assim reações e comportamentos. Seu propósito é aplicar estes estudos ao campo dos negócios e estimar ou prever a possível reação da maioria das pessoas quando submetidas a determinados estímulos. Estes “negócios” aqui citados podem ser, tanto as nossas relações de consumo quanto nossas relações corporativas ou até mesmo pessoais. No final tudo o que fazemos está relacionado com o consumo, comer, estudar, se deslocar, se vestir…

 

E uma vez que entendemos quais estímulos causam determinada reação em nosso cérebro, podemos alterar, ampliar ou inibir este estímulo, causando também uma prevista e quase calculada reação.

 

Nossos ambientes podem ser fortes causadores ou inibidores destas sensações, seja por sua composição espacial, uso de estímulos sensoriais como o olfato , as cores e sons, ou até mesmo através da luz , sua temperatura , intensidade, se é direta ou indireta.

 

Modernas tecnologias de construção permitiram ao homem aumentar seus enormes edifícios em altura, em técnicas e também em sua atratividade. O que antes era um espaço chamado de “mercado”, na praça central, quase a céu aberto, ou uma pequena galeria com poucos atrativos , no centro das cidades, se transformou em grandes templos de consumo, os shoppings centers e com o surgimento deles as relações de consumo também mudaram.

 

Nesses locais é possível encontrar um sem número de produtos e facilidades, estacionamentos climatizados e longos e agradáveis corredores finamente decorados. Comprar não é mais apenas comprar, mas se transformou em passear e se divertir, encontrar pessoas e também se informar.

 

Citando cases atuais desse processo, em janeiro de 2018, foi inaugurada em Seattle – Estados Unidos (EUA), após um ano de testes com sua própria equipe de projetistas, a Amazon Go, uma loja sem caixas, sem atendentes, sem filas. Tudo está ao alcance das suas mãos e um sistema de aplicativos no celular registra o que entra em sua sacola. Ao sair você apenas concorda com a cobrança e vai embora feliz com suas compras.

 

A arquitetura aliada à tecnologia e ao conceito grab and go transformou este o local de compras em um ambiente agradável, uma experiência única onde não apenas é possível comprar mas também economizar tempo: não queremos mais demandar energia e tempo nas enormes filas dos caixas…uma vez definida a compra queremos ir embora, não é mesmo?

 

Ou você não se sentiria mais à vontade em um local assim? Imagine uma loja conceito, cheia de mercadorias interessantes que você coloca na sacola e leva embora?

 

Este conceito já foi implantado no Brasil e em breve os inúmeros espaços que frequentamos serão mais divertidos, sensoriais, de fácil entendimento e muito tecnológicos!

 

Isso é Neurobusiness!!

 


Sobre Miriam Runge
Arquiteta e Urbanista formada pela UFRGS(1993), Chief Brain Officer pelo IP2 Neurobusiness de Curitiba(2017), MBA em Neurobusiness pela Famaqui-RS,Cursando Master em Neuroarquitetura pelo IPOG e Design de Mobiliário pela UCS-RS(2003). Criadora e ministrante do curso Método Sensory que une Neuroarquitetura e Gestão Estratégica. É também membro do comitê de Arquitetura da NeuroBusiness Society Brasil. Docente em pós graduação no IPOG em Neuromarketing e Neurobusiness, Materiais e Revestimentos e Gestão de Escritórios. Docente convidada da pós-graduação do IPOG de abrangência nacional, da PUC em Design de Interiores , UNIRITTER Laureates, UNIFRA-RS e UNIGRAD-BA . Criadora(2009) e ministrante junto ao IAB-POA do curso Gestão e Planejamento do Escritório de Arquitetura. Desde 1998 comanda a MRUNGE ARQUITETURA (mrunge.arq.br) participando 10 vezes de Casa Cor RS e acumulando diversos prêmios em seus espaços. Possui trabalhos publicados em várias edições do livro ELITE DESIGN e no anuário da AAI-RS, bem como em diversas revistas e periódicos de abrangência nacional. Assina a coluna URBAN DROPS na revista Onne&Only (onnerevista.com.br) onde fala sobre revestimentos e tendências de arquitetura e consumo. Pesquisadora na área de neurociência aplicada à arquitetura através do uso de aparelhos de medição como eye tracker e BITalino. Atua na área comercial e residencial em Porto Alegre e diversos estados e também nos projetos de parques temáticos da serra gaúcha junto ao escritório MRIBAS arquitetura do qual é responsável pela condução de projetos de interiores e design com o uso e aplicação da Neuroarquitetura.
Instagram: @mrunge




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