Como pensar em projetos comerciais voltados ao varejo



 

A arquitetura comercial tem suas segmentações a medida que é pensada para atender determinado nicho de mercado. Quando pensamos no setor varejista, alguns aspectos do projeto são enriquecidos pelo forte apelo do marketing nas lojas. É preciso expandir os conhecimentos para conseguir transitar com mais segurança nos campos do marketing, do merchandising e da relação que se pretende estabelecer com o público-alvo de cada uma das lojas.

 

Para nos ajudar a entender melhor sobre esse segmento tão promissor convidamos o arquiteto e urbanista Gabriel Bachilli, que tem experiência no atendimento de grandes marcas varejistas. Acompanhe a seguir uma entrevista exclusiva que ele nos concedeu.

 

Lorí Crízel – Como tem sido sua experiência no atendimento de grandes marcas varejistas?

Gabriel Bachilli – Tenho trabalhado prioritariamente com varejo desde a minha formação, mesmo sem ter tido essa abordagem na faculdade de arquitetura, cujo cerne é generalista e não especialista. Ou seja, o mercado foi minha grande escola. Desde o início, comecei a trabalhar em projetos de grandes empresas, redes varejistas com número expressivo de lojas. Nestas redes, tudo é muito padronizado. É disponibilizado ao arquiteto uma pré-formatação que ele precisa seguir. Quanto maior a rede, mais materiais são disponibilizados para dar input ao arquiteto para montar o seu projeto. São manuais de projetos e detalhamento de ambientes muito bem embasados. Quanto mais organizada a empresa menor o grau de intervenção do arquiteto no projeto, porque está tudo pré-estabelecido. Às vezes o trabalho do arquiteto é encontrar soluções técnicas e executivas para o que está pré-estabelecido pela empresa e adequar ao local onde será aberta a nova loja.

 

Lorí Crízel – Você buscou se nutrir de outros tipos de conhecimento para atender com mais assertividade esse segmento?

Gabriel Bachilli – Por atender diretamente a área do varejo, procurei me aprofundar em conhecimentos da área do marketing e do design visual, pois são área intimamente ligadas à arquitetura comercial. Toda essa parte que se aplica diretamente ao ponto de venda, pois existe uma necessidade óbvia de se comunicar as mensagens. A minha experiência nesta área é mais voltada para lojas que atendem grande público, portanto são lojas que têm uma carga de informação figurada, no sentido de recorrermos mais a imagens e textos em detrimentos dos elementos arquitetônicos que podem ajudar a conferir sentido. A comunicação verbal é mais forte neste segmento.

 

Lorí Crízel – Como você trabalha mensagens institucionais no projeto de uma rede varejista?

Gabriel Bachilli – Na arquitetura comercial focada para o varejo trabalhamos a ambientação institucional, ou seja, aquela que transmite as mensagens que a empresa quer passar, sempre voltada para o área de checkouts, para impactar o cliente no momento em que ele está concluindo a compra. É preciso que ele receba essas mensagens antes de deixar a loja. Logo trabalhamos com elementos da identidade de marca, apelamos para uma cor diferenciada, para aplicação do logotipo, e até uma frase de aproximação neste ambiente.

 

Lorí Crízel – Como as marcas fazem as inserções de outros profissionais para auxiliar nos projetos arquitetônicos?

Gabriel Bachilli – Isso varia muito do porte da empresa. Quanto menor o seu porte, maior o contato que teremos com a área comercial, marketing e até mesmo gerentes de loja. Em contrapartida, recebemos menores informações já sistematizadas, que são o grande trunfo das grandes redes. Por isso que o estudo se faz essencial para que o arquiteto possa inferir uma série de conceitos que muitas vezes não são evidentes. Clientes que ainda não são profissionalizados do ponto de vista do espaço físico da loja, da importância da arquitetura e do design, ainda trabalham de forma empírica. Muitas vezes, as lojas se comportam como organismos vivos, uma vez que muito é testado através de mudanças de layout e expositores na busca do aumento de vendas.

 

Lorí Crízel – Como você organizou seu escritório para atender esse segmento?

Gabriel Bachilli – Trabalhamos muito com a introdução do design no projeto de arquitetura. No momento em que introduzimos o design os resultados foram muito positivos. A partir daí conseguimos a ampliar de forma considerável nosso portfólio. A arquitetura ganha muito se aliando ao design. A arquitetura precisa trabalhar aliada ao designer e ao visual merchandising para conseguir extrair o seu máximo em projetos comerciais. Até porque não adianta termos uma loja linda do ponto de vista arquitetônico se ela não contribuir para a venda. Se não houver uma exposição correta de produtos.

 

Lorí Crízel – Em sua busca pessoal pela maior compreensão de todos os aspectos que envolvem os projetos comerciais, como os estudos sobre neuromarketing têm contribuído para o enriquecimento dos seus projetos?

Gabriel Bachilli – Como lido muito com design visual, muitas vezes tive que criar espaços promocionais, pensar na sua disposição no ponto de venda, em qual material será aplicado, quais linguagens verbais e não verbais serão utilizadas, entre outros detalhes. A partir daí, e tendo em vista extrair o máximo possível de vantagens para esses espaços começamos a buscar nestes estudos o significado das cores, aplicação de um tipo de cor para um determinado tipo de público. Por exemplo: se é uma loja para um público mais dinâmico, vamos trabalhar cores mais vivas. Se pretendo criar um ambiente que eu queira estabelecer uma proximidade com o cliente recorro a uma fonte cursiva. Pois essa forma de escrita remete ao familiar, ao artesanal. E isso muda a percepção do consumidor com o ponto de venda.

 

 

Sobre Gabriel Bachilli:

Gabriel Bachilli é Arquiteto e Urbanista pela UFPel – Universidade Federal de Pelotas. Especialista em MBA Gestão de Projetos de Engenharias e Arquitetura – IPOG. Sócio-diretor de projetos do escritório AC+ACMA Arquitetura e Design Visual, em Porto Alegre/RS. Trabalha com gerenciamento e projetos de pequeno a grande porte na área de arquitetura comercial, com foco em varejo e serviços, especificamente super e hipermercados, restaurantes, lojas, escritórios corporativos e centros de distribuição, atendendo as principais redes varejistas do país.

 

 





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