Cohousing DNA

por Andreia Dias Schmidt

 

 

O projeto foi elaborado para a cidade de Avaré, no interior de São Paulo e segue as premissas do cohousing, uma comunidade intencional intergeracional com ênfase nos idosos. A estimativa de crescimento da chamada geração de terceira idade, nos traz a necessidade de projetarmos casas para que essa camada da população viva da forma mais segura e independente possível, visto que a medicina avança e a convivência entre gerações será cada vez mais imperativa. Além disso, percebemos que a sociedade tem total acesso à tecnologia para se manter conectada, porém, vive isolada e sem relações afetivas fortalecidas, o que nos adoece. A pandemia deixou claro a necessidade do contato, principalmente o cuidado com os idosos.

 

Portanto, a premissa é a de voltarmos a conviver com pessoas que nos sejam caras, num ambiente projetado com o máximo de características que nos aproxime da natureza e do natural, buscando uma forma mais simples e tranquila de viver, diminuindo a quantidade de objetos e acumulando relações de afeto e memória, esse é o intuito de uma comunidade intencional. Nossa comunidade foi projetada para pessoas de diferentes faixas etárias, com interesses afins. São dez residências, com três tamanhos diferentes, instaladas num terreno urbano, próximo a todas as comodidades da cidade, porém com as características de bairro tranquilo e arborizado. Um grande salão central para reuniões, jantares e cursos, onde os vizinhos interajam e colaborem com as atividades, convivendo e espantando a solidão.

 

Conceituamos o projeto através da cadeia do DNA humano, lembrando que carregamos nele nosso histórico e que se não cuidamos das gerações, pouco nos sobrará enquanto humanos.
O Design Biofílico se encontra presente em todo o projeto, trazendo qualidade de vida e bem-estar com presença de muito verde, o calor da madeira, das texturas das pedras, da escolha das árvores frutíferas que trarão a presença de pássaros e borboletas. A volta do contato com a natureza gerará saúde aos usuários.

 

Oferecemos aos residentes a implantação de itens de sustentabilidade como forma de economia dos recursos naturais e ainda a automação residencial, que além de segurança, possibilita a economia financeira. Esperamos que essa tendência de moradia seja vista com um olhar mais natural, sem a utopia de acreditar que a convivência entre as pessoas seja fácil, porém, possível. A arquitetura pode trazer essa tentativa de nos melhorar como humanos e como sociedade, em entendendo a situação atual e projetando o ideal.
Uma das vocações da arquitetura é que com ela, podemos “ler” a sociedade e propor alternativas para as questões que surgem com o passar do tempo. É animador saber que através das necessidades do ser humano, é possível constuir ambientes de forma que essas necessidades sejam atendidas.

 


Estamos constantemente em fase de descobertas e não há limite para a capacidade de mudança humana. Acalentador é saber que podemos “voltar pra casa”, nos resgatar enquanto humanidade. A construção de uma comunidade intencional onde as gerações se misturam e se cuidam num ambiente que tem o papel decisivo na condição humana.
É inegável que nossa permanência num ambiente onde nossos sentidos são aguçados através das cores, texturas, aromas, sons, tato e por que não, o paladar, nos faz sentir mais relaxados, estimulados criativamente, trazendo clareza aos nossos pensamentos e conexão com o momento presente, trazendo benefícios físicos e emocionais.

 

Acreditamos que a criação de uma pequena comunidade intencional como esta, com um planejamento de modo a respeitar o modo de vida e abarcar a maioria dos desejos de seus usuários, promovendo a convivência numa atmosfera consonante com o respeito ao próximo e ao entorno só tem a agregar, fazendo com que a arquitetura seja utilizada como meio e não fim. Que o design seja pensado para servir ao usuário e não o contrário porque é dessa forma que entendemos o processo projetual arquitetônico.

 


Autoria: Andreia Dias Schmidt
Instagram: @andreiaschmidt

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